Annévia Palhares é professora da Faculdade de Pará de Minas (FAPAM) onde ministra disciplinas de Simulação Empresarial para os alunos de Ciências Contábeis e Administração. Nesta entrevista, ela relata a experiência inovadora da disciplina, que recebeu elogios dos avaliadores do MEC.
Por que a simulação está inserida no currículo do curso de Ciências Contábeis?
Annévia Palhares – O curso de Ciências Contábeis da Faculdade de Pará de Minas baseia-se em uma concepção de aprendizagem contínua e integrada onde o conhecimento é uma construção conjunta. A simulação foi introduzida no curso como uma ferramenta de ensino que estimula a capacidade de investigação, a autonomia e a interação entre a teoria a e prática. Os alunos têm a oportunidade de simular três ramos de empresas diferentes. A partir do quinto período do curso o aluno simula uma empresa comercial, seguido por uma empresa industrial no sexto período, e por uma empresa de prestação de serviços no sétimo período. Nessas disciplinas são desenvolvidas habilidades de trabalho em equipe e tomada de decisão, instrumentalizados pelo escopo de conhecimento adquirido nas outras disciplinas. É justamente este o ponto mais importante da simulação, a oportunidade de aplicar, testar e aprofundar os conhecimentos do curso em um ambiente competitivo.
Qual a infraestrutura utilizada para a disciplina?
Annévia Palhares – A FAPAM possui diversos laboratórios para o ensino e prática dos alunos, atendendo vários cursos e laboratórios específicos para cursos da área de negócios. Para a disciplina de simulação foi desenvolvido um laboratório específico de Tomada de Decisão com computadores disponíveis aos alunos e para o professor. As mesas do laboratório simulam um ambiente de reuniões e tomada de decisões, tendo a capacidade de até 05 alunos por mesa. As cadeiras são giratórias, o que facilita a dinâmica e interação com o grupo e o professor. Nesse laboratório são desenvolvidas as disciplinas de Simulação Empresarial – Comércio, Indústria e Prestação de Serviços.
Como está sendo a reação dos alunos com a introdução da disciplina?
Annévia Palhares – Além do entusiasmo inicial, o que temos observado é a participação efetiva dos alunos na produção do conhecimento. A simulação desperta capacidades individuais que auxiliam na construção dos objetivos, assim o aluno deixa de ser espectador e passa a ser o ator do processo. A interação dentro das equipes tem despertado o espírito crítico, a inventividade e a capacidade de reação aos desafios. O ambiente competitivo estimula a aprendizagem e as etapas do processo impõem a interdisciplinaridade já que os participantes têm que buscar os instrumentos teóricos das outras disciplinas para a prática da simulação. No aspecto individual vemos que os alunos encontram uma oportunidade de ação efetiva, experimentam novos papéis e descobrem novas potencialidades. O trabalho em equipe expõe os alunos às suas dificuldades de interação o que provoca uma saída da zona de conforto. Na prática os alunos testam e desenvolvem suas habilidades em um ambiente relativamente protegido.
Recentemente vocês tiveram a visita dos avaliadores do MEC. Qual foi a percepção deles sobre o uso da simulação?
Annévia Palhares – Os avaliadores do Ministério da Educação ficaram bastante impressionados com a estrutura e processos utilizados na simulação. Perceberam que a simulação não é apenas um instrumento laboratorial, mas efetivamente um método de ensino. A simulação foi introduzida na matriz curricular como disciplina integradora. Outro aspecto destacado é a mobilidade e elasticidade das atividades, permitindo que o aluno seja um agente ativo do processo do conhecimento. Obtivemos nota máxima no quesito.
Outros cursos da instituição também pretendem utilizar esta metodologia?
Annévia Palhares – Nos próximos meses os alunos dos cursos de Administração também participarão da simulação. Estamos adequando a matriz curricular e a estrutura laboratorial para o melhor aproveitamento da disciplina. Nosso objetivo é formar profissionais dotados de conhecimentos e visão empreendedora para atuarem como gestores empresariais, sendo agentes ativos nas tomadas de decisões gerenciais.