O coordenador do curso de mestrado em Contabilidade da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Prof. Dr. José Alonso Borba, discute e analisa as diferenças e benefícios da utilização dos Jogos de Empresas nos cursos de mestrado. O professor é mestre em Ciências Contábeis pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e doutor em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São Paulo (USP).
A técnica de simulação será aplicada ao curso de mestrado em Administração e Contabilidade da UFSC no segundo semestre de 2005?
José Alonso Borba – Sim, o professor Ricardo Bernard irá lecionar essa disciplina e nós estamos com uma grande expectativa quanto a isso. A gente espera que a repercussão seja a mesma que a da graduação, em que os alunos comentam muito, se entusiasmam, aplicam bastante teoria.
Porque decidiu-se por adicionar ao curso de mestrado uma disciplina de simulação empresarial?
José Alonso Borba – A intenção é permitir que se crie um laboratório, que é a simulação, para testar modelos teóricos nas áreas de Administração e Contabilidade.
Quais os benefícios que a técnica de simulação gerencial pode trazer aos estudantes de mestrado?
José Alonso Borba – A técnica permite que você faça um pré-teste de pesquisas ou trabalhos que o aluno irá eventualmente utilizar em seu tema de pesquisa. Um outro benefício é a possibilidade do desenvolvimento de pesquisas na parte pedagógica de jogos e simulação, principalmente com validação da técnica como método de aprendizado gerencial, já que nesse campo teórico existe pouca pesquisa. O tipo de estudo que existe hoje é basicamente pesquisa descritiva e prescritiva, tais como a concepção e aplicação de simuladores.
Qual a diferença no uso do simulador na graduação e no curso de mestrado?
José Alonso Borba – Na graduação o objetivo é bem claro, ou seja, permitir que os alunos exercitem na prática os conceitos aprendidos nas demais disciplinas do curso. Para o curso da administração ainda é possível fazer uma integração das disciplinas do curso que, via de regra, não têm uma atividade de integração. Para o curso de Ciências Contábeis, os alunos também são estimulados a conhecer um pouco mais de administração de empresas, ou seja, fazer com que eles assumam o papel dos seus futuros clientes. No mestrado desenvolvemos um conteúdo programático um pouco diferente e a gente está ousando um pouco mais, já que esses alunos tem um conteúdo teórico visivelmente superior aos alunos da graduação. Então o que se pretende é desenvolver mais, entrar em situações mais específicas, fazer com que o aluno trabalhe situações mais complexas, o que é impossível fazer na graduação em decorrência do grau de conhecimento dos alunos.
Haverá uma avaliação dos alunos usando desempenho gerencial obtido na simulação? Qual será a função específica da simulação na preparação das dissertações de mestrado?
José Alonso Borba – Sim, mas com um peso muito pequeno, apenas para estimulá-los no desempenho de sua gestão. Na graduação esse procedimento já é questionável pois não existe relação entre o desempenho gerencial e o desempenho acadêmico, ou seja, o que o aluno aprende. A ênfase maior na avaliação será em termos do que o aluno consegue aprender dentro de sua linha de atuação no mestrado. O aluno que ingressar na disciplina tem que ter previamente definido seu objeto de estudo para poder aplicá-lo durante a simulação. A simulação neste caso será apenas um meio à disposição dos alunos para ajudá-los em seus trabalhos acadêmicos.