O entendimento da empresa a ser simulada é de fundamental importância para que os participantes possam tomar decisões conscientes na simulação. Detalhes sobre o funcionamento da empresa estão contidos no Manual da Empresa. Se o professor entregar este manual sem orientação, alguns alunos não vão ler e muitos dos que lerem terão dificuldades de entendimento. Como a leitura do manual, e a primeira tomada de decisão (assunto para um próximo post), são os momentos de maior estresse na simulação, devemos utilizar estratégias específicas para manter a motivação dos participantes.
Para que a leitura do manual seja proveitosa, devemos direcionar a sua leitura. Normalmente, os capítulos são divididos por funções gerenciais (vendas, produção, recursos humanos, finanças, etc.). Assim, oriento que o participante leia o capítulo da função que ele irá desempenhar, conforme a distribuição das equipes (veja post neste blog de como dividir equipes). Dois capítulos que geralmente completam o manual são de introdução e para as explicações dos relatórios. O capítulo introdutório apresenta a dinâmica da simulação e os seus principais pontos. Este capítulo deve ser lido por todos. Já o capitulo de explicação dos relatórios não precisa ser lido, pois ele funciona como um dicionário de termos dos relatórios. Assim, ele deve ser consultado apenas quando o participante tiver dúvida sobre informações dos relatórios. Alguns manuais também apresentam, como apêndices, tabelas de consulta rápida às funções gerenciais discutidas nos capítulos anteriores. Uma olhada nestes apêndices permite uma visão geral da empresa a ser administrada.
A leitura direcionada do Manual da Empresa reduz a algumas páginas o trabalho dos participantes. Mesmo assim, será que eles vão fazer esta leitura? Como o professor sabe se o participante leu? Estes questionamentos são importantes porque muitos erros da primeira tomada de decisão não são gerenciais, mas sim em função da falta de entendimento da empresa simulada. Realizo a aferição da leitura dos participantes de duas formas, dependendo do tipo de aplicação da simulação. Em cursos de pós-graduação, e usos in company, já distribuo o manual segmentado e concedo 20 minutos para a sua leitura. Passado este tempo eu apresentado o funcionamento da empresa simulada e tiro as dúvidas dos participantes.
Nos cursos de graduação, após a divisão das equipes, eu oriento a leitura do manual. Na próxima aula eu faço um teste de conhecimento da empresa a ser simulada. Este teste é respondido por equipe e com consulta ao manual. São duas perguntas de cada área gerencial e duas perguntas gerais da simulação. Concedo o limite de uma hora para entregar as respostas. Também limito a 5 minutos o tempo de entrega entre a penúltima e a última equipe, pois não quero que os alunos iniciem a leitura do manual durante as respostas. O teste não vale nota, e sim dinheiro no caixa das 3 melhores empresas (equipes). Assim, os alunos terão um motivo para a leitura, ou seja, se sentirão motivados para responder o teste para ganhar o dinheiro simulado. Para finalizar, uma dica: como o teste é fácil, geralmente existirão notas iguais. Em caso de empate, concedo o prêmio à empresa que entregar as respostas antes (não esqueça, portanto, de marcar a ordem de entrega). Com isto, estou introduzindo o conceito de gestão eficácia na gestão dos recursos, no caso, o tempo.
Professor Ricardo Bernard, Ph.D.