O início da simulação (primeiro período) é um momento crítico para os alunos. Normalmente eles ficam perdidos e não sabem por onde começar os trabalhos. O professor pode contextualizar esta situação aos alunos fazendo uma analogia com um empregado contratado para trabalhar em uma empresa real. É tudo novo para ele. Este empregado terá que assimilar os processos e a cultura da empresa. Assim como os alunos, este empregado também fica perdido no início e precisa de um tempo para se adaptar. O professor deve então adotar estratégias para facilitar esta adaptação por parte dos alunos. Antes de iniciar o primeiro processo de tomada de decisão, duas atividades já devem ter sido realizadas: a divisão das equipes e a leitura do manual contendo os procedimentos da empresa simulada. Ambas as atividades já foram objeto de discussão em posts anteriores deste blog e podem ser consultados pelos interessados.
As tomadas de decisões de uma simulação são realizadas com base nos relatórios da empresa simulada, do ambiente que ela atua e de um jornal informativo contendo notícias, preços dos insumos, taxas e outras informações. Os relatórios do primeiro período simulado apresentam a situação atual da empresa, considerando decisões tomadas em períodos anteriores, ou seja, os novos gestores (os alunos) não são os responsáveis pelo desempenho da empresa até este momento. Na vida real cada empresa tem a sua própria estrutura física, econômico-financeira e operacional. Entretanto, para fins acadêmicos, é aconselhável que todas as empresas simuladas partam da mesma situação, ou seja, sejam exatamente iguais. Isto é importante para que os desempenhos ao final da simulação sejam em função das decisões tomadas pelos alunos no papel de gestores, e não em função de situação inicial diferenciada destas empresas. A equiparação inicial das empresas simuladas é, portanto, um requisito para as avaliações dos alunos em função dos seus desempenhos gerenciais.
Uma estratégia a ser adotada para o primeiro período simulado é repetir este período, assim teremos um período de “aquecimento” e um período definitivo. Os resultados do período de aquecimentos são liberados para que os alunos verifiquem os erros cometidos e tenham a oportunidade de corrigi-los ainda no próprio período. A repetição do período é uma situação que todo gestor gostaria que acontecesse na vida real, ou seja, ele toma decisões, analisa as consequências destas decisões e volta no tempo para corrigir eventuais erros. A repetição do primeiro período é importante porque neste momento muitos erros cometidos pelos alunos ocorrem em função da falta de conhecimento da dinâmica da metodologia, do significado das informações constantes nos relatórios ou da forma de preenchimento das decisões. Se o primeiro período não for repetido, uma decisão inicial errada pode acarretar sérios problemas para a empresa simulada. Esta situação geralmente leva a uma frustação dos alunos, o que compromete o processo de aprendizagem.
O professor deve aproveitar os resultados do período de aquecimento para esclarecer as dúvidas dos alunos, de preferência no grande grupo, já que a maior parte das dúvidas é recorrente a mais de uma equipe da simulação. Se a dúvida for específica para uma empresa, o professor deve ter o cuidado de não expor informações ou estratégias gerenciais desta empresa para as demais. O professor deve também evitar responder perguntas relacionadas a aspectos de gestão neste momento, já que uma das abordagens da metodologia de simulação gerencial (jogos de empresas) é o aprendizado pela experiência e pela tentativa e erro. Ao longo da simulação ocorrerão atividades que serão dedicadas especificamente para discutir e avaliar aspectos de gestão, tais como as consultorias e as assembleias gerais simuladas.
As orientações dadas neste post tiveram por objetivo tornar mais produtivo, e motivante, o início da simulação. Outras estratégias também podem ser criadas pelo professor para que este objetivo seja atingido, pois um bom início aumenta a eficácia da simulação em unir a teoria ensinada em sala de aula com a prática de gestão das empresas na vida real.
Professor Ricardo Bernard, Ph.D.