Os simuladores empresariais estão cada vez mais automatizados, eliminando grande parte do trabalho não intelectual do professor. Com a automatização é possível, dentre outras funcionalidades, importar cenários de simulações já utilizadas pelo professor. Assim, reduz o tempo para digitação de decisões a serem tomadas pelo professor e para a edição das gazetas que ilustram os acontecimentos da simulação.
Infelizmente a automatização dos simuladores pode gerar um efeito negativo para a metodologia de simulação gerencial (jogos de empresas): ”a acomodação de alguns professores”. Essa acomodação ocorre nos professores que restringem a sua atuação na simulação à digitação de suas decisões e à elaboração de matérias para a Gazeta. Entretanto, o papel do professor deve ser muito mais amplo. Antes de discutir esse papel, vamos voltar à definição do objetivo de simulação.
A simulação gerencial é uma metodologia de aprendizado empresarial onde os participantes (alunos) assumem a gestão de empresas simuladas e aprendem com o processo de tomada de decisões. É inerente ao processo o aprendizado pela tentativa e erro, ou seja, pelos erros cometidos. Essa talvez seja uma das grandes vantagens do método, pois normalmente estudamos apenas casos de sucesso, mas os fracassos são muito mais marcantes. Bom, considerando que o objetivo da metodologia é o aprendizado empresarial, então o papel do professor deve ser o de criar um ambiente para que esse aprendizado ocorra, e avaliá-lo ao longo da simulação (veja a matéria anterior que publiquei onde apresento as formas de aprendizado em simulação).
O ambiente se refere ao cenário que o professor define para a simulação. Nesse ponto ocorre um erro muito comum entre professores: achar que um único cenário é suficiente para conduzir simulações para diversas turmas. Entretanto, professores com um bom domínio da metodologia sabem que um cenário pode facilitar o aprendizado para uma turma e dificultar para outra. Por exemplo, um cenário muito complexo e restritivo pode desafiar participantes mais capacitados, mas pode desestimular participantes menos capacitados. Assim, a reutilização integral do cenário de uma simulação, sem conhecer seus participantes, ou analisar a interação entre as equipes dentro da simulação, normalmente leva a uma subutilização da metodologia.
Os professores devem importar o cenário de uma simulação e, a cada período, realizar modificações com base nas avaliações que eles fizerem ao longo dos períodos simulados. Também é aconselhável que o professor alterne dinâmicas entre as simulações realizadas, principalmente quando a simulação é realizada em disciplinas regulares de um curso. Assim, os alunos de um semestre não terão conhecimento prévio das atividades que o professor realizará na condução da simulação.
Resumindo: professores de simulação gerencial (jogos de empresas) não devem “ligar o piloto automático” e esperar que a disciplina seja conduzida sem esforço por parte deles. A não ser que o professor utilize o conhecido “pacto da mediocridade”: o professor finge que ensina e o aluno finge que aprende e não é reprovado.
Professor Ricardo Bernard, Ph.D.