Na vida real cada setor empresarial tem uma empresa líder. A liderança ocorre por diversos fatores, tais como pioneirismo, inovação e poder econômico. Nos cursos de simulação gerencial esta situação também ocorre com frequência, podendo causar problema para os coordenadores dos cursos. Meu colega Richard Teach escreveu um artigo sobre o tema intitulado Assessing participant learning in a business simulation (2007). Teach emprestou da teoria econômica o termo “dominância” para discutir o impacto da liderança no aprendizado dos alunos em cursos de simulação gerencial. Segundo Teach, a dominância ocorre em praticamente todos os simuladores que simulam um mercado oligopolista. Quando as simulações são realizadas para fins de aprendizado, ou seja, a maioria dos casos, o objetivo maior não é simular a realidade e sim proporcionar conhecimento gerencial aos seus participantes. Neste caso, a dominância pode ser um problema, entre outros motivos, pelo desestímulo por parte de alguns participantes em tomar decisões.
Tenho utilizado diversas estratégias para reduzir a dominância de uma empresa simulada, evitando o seu efeito prejudicial no aprendizado. Uma estratégia relativamente simples é mostrar aos alunos onde eles estão errando, seja por meio de uma explicação rápida, ou com uma atividade mais estruturada no formato de uma consultoria. Outra estratégia que utilizo com frequência é a dinâmica de “troca de diretorias” (veja post sobre o tema que escrevi anteriormente) para separar os alunos responsáveis pelo sucesso da empresa dominante. Neste caso é criado um ambiente para que a empresa dominante tenha como concorrentes os antigos colegas de equipe.
Algumas estratégias são dependentes do simulador em uso. Uma delas é a fusão de empresas. Nesta opção o professor solicita que os alunos negociem com seus concorrentes para a criação de uma nova empresa, a partir de duas empresas existentes. Como representante do órgão regulador do livre mercado, o professor pode vetar a fusão envolvendo a empresa líder. A justificativa seria evitar a concentração de mercado e facilitar a concorrência. Ao utilizar a fusão de empresas, a empresa líder terá uma concorrente de peso, ou seja, a nova empresa. Outra estratégia que depende do simulador é a capitalização de empresas. Assim, o professor pode fortalecer algumas empresas que tenham perdido capacidade concorrencial por falta de recursos financeiros.
Antes de adotar estratégias específicas para lidar com a dominância, você deve se fazer a pergunta: A minha simulação tem uma empresa líder que está exercendo uma dominância prejudicial ao processo de aprendizagem da turma como um todo? Em outras palavras, a dominância está desmotivando muitos alunos das empresas concorrentes (lembre-se que a desmotivação de um ou de poucos alunos é relativamente aceitável, mesmo porque pode não ter relação com a dominância)? Se a reposta for sim, então vá em frente, mas cuidado ao adotar as estratégias de redução da dominância, para que não se cometa injustiça com os alunos da empresa dominante. O importante é reduzir a dominância, sem reduzir a motivação da turma como um todo, pois a motivação é a mola propulsora para o aprendizado quando utilizamos a metodologia de simulação gerencial.
Professor Ricardo Bernard, Ph.D.